A União Europeia (UE) deve anunciar no próximo mês proposta para exigir que seus importadores de carne bovina, soja, café, cacau, madeira e óleo de palma certifiquem que essas seis commodities são provenientes de áreas que não foram desmatadas ou contribuíram para a degradação dos solos após 1o de janeiro de 2021. A ação aumenta a pressão sobre o governo de Jair Bolsonaro para que adote medidas para proteger a Amazônia. Caso contrário, poderá causar problemas para a entrada de certos produtos no mercado europeu e prejuízos de centenas de milhões de dólares ao setor agrícola.
Segundo documento da UE ao qual o Valor teve acesso, as importações de produtos cobertos pela proposta alcançam €60 bilhões por ano. Já os custos do futuro sistema para frear o desmatamento importado podem chegar a € 2,3 bilhões por ano.
O governo brasileiro ainda vai avaliar a proposta. Contrário à imposição de barreiras comerciais como justificativa para a busca por sustentabilidade ambiental, o país quer saber qual será seu efeito antes de adotar qualquer posição. A diplomacia vai analisar se o mecanismo a ser apresentado pelos europeus é compatível com as regras do comércio internacional ou se poderá ser questionado formalmente.
“Sempre estamos preocupados, monitorando e avaliando esse movimento sistêmico, mas estamos atentos ao que está sendo efetivamente colocado no papel”, afirma o secretário-adjunto de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura, Flávio Bettarello.
Parlamentares americanos também preparam proposta para reduzir o desmatamento ilegal no mundo, por meio da imposição de restrições ao comércio de commodities cuja produção tenha envolvido essa prática. “Não vejo muito impacto [no comércio brasileiro]. O desmatamento que ocorre no Brasil, hoje, está muito mais ligado a grilagem de terra e patrimonialismo do que com a expansão do agronegócio”
Fonte: Valor Econômico